2012-10-16

Limite



Acabei há minutos de chegar a casa, vindo do cerco ao Parlamento, onde estive nas últimas horas.

Pelo que aconteceu - que incrivelmente pelo que vejo, foi parcamente referenciado pelos media formais (de repente questiono-me o porquê de termos três canais de cabo noticiosos) - com tudo o que aconteceu, o protesto passou para outro patamar. Houve fogueira, semáforos deitados ao chão, carga policial com algum pânico na descida...

O cidadão comum neste momento está algo radicalizado e atingiu um limite de saturação. Eu pelo menos confesso que atingi.

Por muito que tente ver mais além, já não dá mais. 


Desculpem o desabafo.







3 comentários:

Anónimo disse...

A comunicação social de referência faz parte do "sistema" por isso é que se chama de referência. No domingo, estranhamente, a SIC acompanhou durante horas a manifestação do CGTP. Sendo maquiavélico direi, que mais tarde ou mais cedo, o "sistema" terá necessidade de incentivar os "desalinhados" a partir montras para assim terem uma justificação para pedir um hair cut da dívida! Todos nós temos um papel, voluntátio ou involuntário, na forma como o "sistema" funciona e este sabe tirar proveito das forças anti "sistema" para o fortificar.

Deixo aqui uma dica: o BANIF está a transformar-se num BPN e suponho que daqui a um ano tal facto poderá trazer a opinião pública para a rua pois uma coisa é salvar o país como eu acredito que o Gaspar esteja a fazer (chamem-me ingénuo) outra voltar a cometer o erro de salvar um banco às nossas custas.

amsf

il _messaggero disse...

amsf,

Concordo com a primeira parte do comentário. Todas estas movimentações dos diferentes actores sociais, acabam por ser um jogo. E ingénuos seríamos se pensássemos que as premissas segundo as quais o mesmo é jogado são claras e imutáveis.

Como mero exemplo e tomado o episódio retratado, até mesmo numa manifestação, observando a mesma numa posição distante e abstraindo-nos de qualquer tipo de simpatia ou repulsa pela mesma, é possível ver que há sempre um grupo de agitadores que tenta provocar a outra parte, procurando desta forma agitar águas e fazer mexer com a restante turba que de outra maneira lá estaria passivamente.

Quanto ao segundo ponto, discordo um pouco na parte "uma coisa é salvar o país como eu acredito que o Gaspar esteja a fazer".

Também não acredito que o seu objectivo seja premeditado. Acredito sim que ele acredita veemente numa capacidade regeneradora em toda esta austeridade.

No entanto, está completamente desligado do país real. Por muito que a teoria funcione. Completamente desligado.

Não é à toa que a Economia é uma ciência social e não uma ciência exacta.


Anónimo disse...


O obeso também sofre ao fazer dieta, o gangrenado também recusa-se a ser amputado mas se nada for feito a situação não se limita a agravar-se no tempo, simplesmente passados alguns dias o gangrenado morre. Se não fossem tomadas medidas simplesmente o Estado teria falido e com ele os seus funcionários, os seus beneficiários e os portugueses em geral.

Como é evidente o Governo sabe que esta situação vai prolongar-se no tempo e que vai trazer sofrimento só que não o pode dizer publicamente. Como é evidente o Governo também sabe que a nossa dívida externa pública terá que sofrer um perdão parcial para que possamos continuar a honrá-la e a nos endividar-mos ainda mais pois a nossa produtividade é inferior às nossas despezas públicas.
O Governo também sabe que em meados de 2013, quando tiver-mos acabado de receber a última tranche de 78 MIL Milhões, terá necessidade de tolerar e talvez incentivar por meios clandestinos a vinda dos "maus alunos" para a rua (destruição de montras de bancos, manifestações enormes mais ou menos violentas, etc) para se poder apresentar perante os seus credores com o tal pedido de perdão parcial da dívida (30%?).

Até os bons alunos têm o seu grau de malícia, há quem diga que são mais calculistas do que parece.

amsf